Na Solidão dos Campos de Algodão
18, 19, 20, 21, 27 e 28 SET - 21:00 / 22 e 29 SET 17:00
Na solidão dos campos de algodão acontece no espaço do deal, da transação ilegal, quando quatro homens se encontram. Em dueto, em cânone, em eco ou em coro, os quatro alternam e sobrepõem-se nos papéis de dealer, de cliente e deles mesmos. Sobre eles não se sabe mais nada, nem sequer os seus nomes.
Tomados pelo medo e pela audácia, embrenham-se numa ostensiva sucedânea de densos solilóquios - quando um toma a palavra os outros interferem buscando obsessivamente o grotesco que na fala subjaz.
Na Cena, os quatro são como que animais acuados num território em que uns vigiam e os outros são vigiados, uns dominam e os outros são dominados. Sem nunca nomearem o desejo, uns desejam e os outros também. Encaram-se corpo a corpo experimentando mecanismos discursivos e estéticos que possibilitem a erupção de pensamentos até então encerrados na memória dos seus corpos vezes demais retratados como marginais, estrangeiros enraivecidos e sujos. Este espetáculo também é, também pode ser, uma autópsia do que acontece dentro destes corpos brutalizados que tentam escapar à solidão do processo de desumanização a que estão sujeitos.
E quando finalmente a dor e a vergonha partilhadas os obriga a verem-se a si próprios nos outros, digladiam-se violentamente numa arena de diálogo e morte. É um combate físico, mas também interno e dialéctico, onde as palavras ultrapassam-se e são ultrapassadas.
Afinal, o que buscam estes homens? O que vendem e o que querem comprar? Qual o desejo que os queima? Qual o ódio que os move? Quão longe são capazes de ir?
Sessão com ILGP dia 22 de setembro seguida de conversa com público.
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