Algures Invade o Ibérico
03 OUT - 19:00 e 19:30 / 04 OUT - 21:00 e 22:00 / 05 OUT - 15:00, 17:00 e 21:30 / 06 OUT - 17:00
Me Apavora a Ideia de Esquecer
03\10 às 19:00
Esta exposição é o resultado de uma pesquisa criativa que investigou as intricadas correlações
paradigmáticas entre manuais femininos como “A Enciclopédia da Mulher no Lar” de Maria
Antonieta de Morais (1972) e as memórias-esquecimentos de uma Mulher Enciclopédica.
Ocorreu durante o acompanhamento da pesquisa artística "Me apavora a Ideia de Esquecer",
de Poliana Tuchia, onde a artista colecciona objetos artísticos diversos para criar uma escrita
corporal-textual, imagética e autoral. Trágica, cómica ou tragicocómica.
Beth Freitas traduz esta pesquisa em imagem fotográfia e poética. As raízes de uma árvore
cortada formam uma rede subterrânea de memória, por onde cisca o esquecimento da
galinha. Ela precisa se esquecer de onde encontrou o alimento ontem, para encontrar o
alimento hoje.
Apresentação em Progresso - Me Apavora a Ideia de Esquecer ou Mulher Enciclopédica
03\10 às 19:30
Esta é uma sinopse na 1a pessoa. Eu sei, é incomum. Me arrisco. A tragédia e o humor são
arriscados. Em 1999, num dia a caminho da escola, ouvi: “Antes que te contem, vou te contar.
ELA matou ele.”
Não sei se foi assim, porque isto sou eu lembrando e a memória não é linear. Esta investigação
é sobre isso: o olho vê, a lembrança revê e a imaginação transvê. Eu vivi 20 anos com ELA e não pude fazer perguntas. Mas hoje posso. Me disseram que a DESgraça deve ser descrita na sua real dimensão. Eu concordo. Elimino o prefixo de cessação e finalmente tenho acesso aos manuais femininos que ELA lia. F(r)icciono: não sei se lia. Esta investigação também é sobre isso. Inventar uma história diferente para esta mulher. No fundo, ela não precisa de uma nova história. Ela precisa apenas que a história dela seja contada. ELA não, EU.
Não Estamos Tontas
04\10 às 21:00
“Não Estamos Tontas" é um olhar retrospectivo sobre o caminho que a linguagem da palhaçaria no feminino tem trilhado, e o espaço e voz que esta arte tem ganho em Portugal e no mundo. Este impulso surgiu do TEM GRAÇA - Festival Internacional de Mulheres Palhaças da Algures, que nos últimos dois anos percorreu vários territórios, reunindo artistas nacionais e internacionais em discussões e partilhas artísticas e políticas inseridas no vasto universo da palhaçaria. Um olhar em torno do que é ser palhaça - e ainda por cima mulher -, nos dias de hoje em Portugal, contendo toda a potência dos inícios e as contradições das múltiplas vozes deste movimento.
F(atos) e F(r)icções
04\10 às 22:00
Sabemos que é a comicidade que nos move e gostamos de falar disso! Nesta conversa partimos da programação do festival para chegar aos processos criativos: de como a biografia se torna ficção e de como a ficção se torna facto. Clarificar conceitos ou baralhá-los ainda mais! O documentário “Não estamos tontas”, a exposição “Me Apavora a Ideia de Esquecer” e a apresentação-em-processo “Me Apavora a Ideia de Esquecer ou Mulher Enciclopédica” são os motes para a conversa sobre limites e formas, sobre lacunas e conexões e sobre dramaturgia autoral. Vamos discutir, desdobrar, dissolver e reestruturar.
Memórias de Hospital: Relatos de Uma Palhaça Apaixonada
05\10 às 15:00
Um registo de memória e pesquisa das vivências da atriz e palhaça pernambucana Enne Marx (Mary En), narrando seus encontros com crianças hospitalizadas em hospitais do Brasil, da França, de Portugal e da Itália. Os relatos trazem ainda um “pensamento alto” que perpassa a práxis da Palhaçaria e em seus aspectos conceituais, criativos e dramatúrgicos — sobretudo para aqueles que atuam em campos limite. Embora traga uma escrita poética, lúdica e cheia de imaginação, o livro conta histórias reais, gerando o que Enne chama de “dramaturgia viva”, onde a criança é o sujeito na construção do jogo e no desenvolvimento do enredo.
Com Amor, Papel, Manteiga e Marcador
05\10 às 17:00
Com amor, papel manteiga e marcador fala de desencontros, de amizade e de solidão; mas principalmente fala ao coração, com o riso que partilhamos em 40 minutos de poesia. Sozinha em palco e sem morada, Susanation, que vive num país em crise, decide construir uma casa, uma caixa do correio, um jardim. Susanation espera. Aguarda por cartas, por visitas, por desconhecidos, por uma voz amiga, pelo público. Aguarda por uma carta, por várias cartas. Nesta espera tudo é possível. Este é um espetáculo de encontro, um lugar de intimidade onde se fala sobre a vida... e se bebe chá.
Partida
05\10 às 21:30
PARTIDA é um embate existencial com requintes tragicômicos, no qual uma palhaça precisa provar o seu valor para continuar a existir. O espetáculo aborda a relação da palhaça Benedita Jacarandá com a sua criadora, a artista Adriana Morales. A dramaturgia traz questionamentos existenciais dessa relação simbiótica e parasitária em que a matéria prima que dá vida à palhaça é a própria artista. Essa relação está em crise, partida, fraturada; e Benedita Jacarandá precisa partir. Fugir para não morrer claustrofóbica, presa no armário de Adriana Morales. Abre-se uma fissura entre esses mundos, que atravessa o limiar das memórias e da verdade. Um ritual de passagem, um parto. As experiências vividas na pele por Adriana são transformadas e ressignificadas pela palhaça em cena. Uma avalanche de histórias vem à tona. Os danos, os restos, os escombros da artista, que nas mãos da palhaça tornam-se triunfos. Histórias adormecidas, quase mortas, esquecidas, mas com vida própria.
A Massa
06\10 às 17:00
A_MASSA é um showcooking. Ou será uma comédia de acidentes? Susanation e Socorro estão empenhadas em cozinhar e oferecer o melhor pão ao público presente. Para todas as pessoas que gostam de pão, este espectáculo gluten-free fala-nos dos afazeres do dia-a-dia e de como nem sempre as coisas correm como esperamos. A_MASSA conduz o público numa jornada de percalços poéticos, divertidos e algo inesperados.